07 novembro 2006

13º Acto I (ou começar pelo fim)


Nervosa andavas como que levitando por entre os parcos espaços livres do quarto. O ambiente algo tenso de alguns minutos atrás dava agora lugar a olhares cumplices de desanuviamento entre nós. O atrevimento da minha convidada quando á chegada me beijou daquela forma, tinha provocado em ti efeitos que avisadamente eu já esperava. Cabia agora aos três ser-mos suficientemente inteligentes para ultrapassar os receios.

A ti era absolutamente obrigatório esqueceres a cena inicial. Á minha convidada sêr suficientemente eloquente e audáz para te seduzir fazendo-te perceber que eras tão importante para ela naquele momento quanto eu fora em outros. A mim ter a prespicácia necessária ao equilibrio entre as duas forças da natureza que tinha na minha frente, o que diga-se de passagem não era tarefa nada fácil.

Aquela situação era para ti mais um passo no caminho que escolheras ou que a tua enorme fome de experimentar te obrigava. A tua natureza como a de todos os eleitos obriga a que mais tarde ou mais cedo tenham de ultrapassar testes como este. Coube-me a mim ajudar-te naquele momento mas como sempre terias de ser tú a dar os passos mais importantes. E este era efectivamente um passo marcante até porque por mais que se sinta vontade de experimentar nunca se está verdadeiramente preparado para ele.

Sentei-me prepositadamente afastado das duas no unico sofá do quarto junto a um pequeno bar e a uma aparelhagem de som. A ousadia da convidada surpresa, e isso eu sei desde que a conheço, foi apenas uma máscara para ultrapassar a sua timidêz. Usou como táctica de defesa o ataque imediato e usa o mesmo método para vencer em tudo o que se envolve na vida. Sem medo das consequências é uma vencedora nata. E mais uma vêz, eu sabia, ela não queria sair dali a perder. Só que como eu já lhe tinha advertido antes, os primeiros momentos teriam de ser apenas entre ela e tú e daí iria depender a forma como nos aceitarias. O facto de nada saberes a respeito da personalidade fascinante daquela minha amizade tinha sido deliberadamente planeado mas constituia um risco que poderia ser fatal, mas que decidi correr. Queria que se descobrissem mutuamente e como bom conhecedor da alma humana sabia que não estava enganado pois conheço bastante bem as duas.

Para mim jogava-se ali naquele momento, sobretudo, a diferença entre uma noite completamente falhada em que me deixaria vencer pelos teus receios da primeira vêz, e estava preparado para isso, ou uma noite de paixão que recordariamos para sempre como um momento-de-vida irrepetível. Corria ainda o sério risco de perder a tua confiança, prespectiva que não me agradava nada como possibilidade.

Atrevida, a minha convidada deitou-se na cama, descalça, com ar divertido e provocador. A saia prepositadamente levantada deixava vêr as coxas finas e elegantes que terminava muma lingeri vermelha e minúscula. Um top branco quase transparente deixava adivinhar uns seios perfeitos e sólidos coroados por uns mamilos bem demarcados e provocadoramente erectos. Os cabelos negros emolduravam um rosto perfeito e uns lábios grossos de uma sensualidade quase escandalosa pelos quais tinha perdido a cabeça meses antes numa noite de completa loucura. Os olhos negros e grandes prescutavam as nossa reações até ao mais infimo pormenor. Na verdade, depois da entrada constrangedora, ela apenas esperava que algo acontecesse pois pretendia deixar correr as vontades de cada um, mas pronta a agir ao minimo sinal.

Quando coloquei a tocar aquele CD de boleros, ela sorriu-me com matreirice e levantou-se da cama. De costas para mim e ostensivamente com os olhos fixos nos teus iniciou um bailado sedutor onde cada peça de roupa que foi sendo arremessada aos teus pés deixava descobrir mais um pouco do ébano da sua pele. Afastada alguns metros de ti tinha conseguido aprisionar-te completamente o olhar. Qual serpente na procura da presa ela solicitava o teu perdão e submissa oferecia-te o que tem em quantidades incontáveis. Sedução e paixão. Restava-te aceitar ou rejeitar.

Quando a determinado momento encheste o peito, a tua boca se abriu levemente e a tua lingua humida de saliva passeou nos lábios secos, tive a certeza de que o frio daquele quarto estava lentamente a transformar-se em fogueira.

Atento a cada pormenor continuei fascinado a assistir aquela dança de sedução que aos poucos começava a provocar em ti o efeito desejado. Magestosamente sensual ela ondulava o corpo sem deixar de te prender o olhar enquanto aos poucos se ia libertando das roupas. Do teu rosto desaparecera a contração e esboçaste um sorriso seguido de um olhar bem intencional quando ela fez saltar o top e os seios nús ficaram bem frente dos teus olhos e quase ao alcance das mãos.. A visão das formas eróticas e quase pornográficas daquela mulher deixara de te assustar aos poucos. A corrente que, para ti no inicio a ligava a mim, começava a soltar-se e a prender-te a ti de forma evidente. A musica quente do bolero dava á atmosfera a sonoridade ideal e anunciava triunfante os momentos que adivinhavamos.

Já completamente nua e sem nunca sequer olhar para o local onde me sentara, aproximou-se mais de ti e sensualmente afagou-te o rosto descendo as mãos lentamente até ao peito. Nesse momento apaguei a luz do quarto deixando apenas que a luminosidade natural daquele fim de tarde entrasse pelas amplas janelas daquele 13º andar e iluminasse os vossos movimentos. A perfeição impossível de antevêr á uma dezena de minutos atrás, começava a ganhar forma nos gestos de absoluta delicadeza protagonizados por mãos e lábios e corpos inteiros na procura de sentir e dar paixão, delicadamente sensual e genuinamente unico como só o amôr femenino pode sêr.

Se pudesse ter-me-ia transformado em sombra porque a minha presença começava a ser completamente ignorada e inútil. Mas fiquei ali sentado, completamente extasiado por longos e longos minutos olhando-vos. Ainda lá estaria hoje se tal fosse possível... Mas não foi porque..

Diva, queres concluir o relato?

escorpião

1 comentário:

Anónimo disse...

Diva está sem piripiri, ó Tarzan!
(Dama das Camélias)