17 novembro 2006

Nicotina


Bateu a porta do carro com toda a força que tinha e acelerou o Mercedes prateado o mais que conseguiu seguindo pelas curvas apertadas daquela estrada quase deserta, não conseguia pensar em nada, muito menos em ouvir a música melosa que tocava no rádio. Optou então por ouvir somente a chuva que caia enraivecida batendo violentamente no para brisas do carro atrapalhando a visibilidade.
Sentia-se sozinha...


Parou no primeiro bar aberto na madrugada negra e entrou nele vestida apenas do seu babydoll branco favorito completamente molhado fazendo sobressair seus mamilos empinados pelo frio e pela humidade da chuva que apenas se deixavam cobrir levemente pelos longos cabelos negros surpreendendo as dezenas de homens que ali se deixavam estar misturados no cheiro insuportável do cigarro ao barulhinho da jukebox quase engolido pelos risos adocicados das mulheres da vida que alegravam seus clientes. Tal ambiente esvaziou ainda mais sua alma deixando-a quase tão nua como seu corpo.

Dirigiu-se ao balcão e tão rápido como entrou no bar...saiu.
Tinha conseguido aquilo que mais precisava no momento, a única coisa que parecia acalmar sua alma, ao encostar com suavidade em seus lábios iguais pétalas desabrochando ao luar que são levadas ao sabor do vento sem destino certo. A única coisa que arrancaria do seu coração a doce saudade. Precisava com urgência de nicotina... muita nicotina!!

( O mais estranho de tudo é que ela não fuma... nunca fumou.)

1 comentário:

Anónimo disse...

Bonito texto... Continuo a surpreender-me positivamente contigo.