13 março 2007

Volúpia


... Tudo aconteceu numa festa na Matola onde fui convidada e fui acompanhada pelo escorpião e por amigos em comum. Na festa, encontrava-se um homem moreno, de cabelos pretos ondulados e alguns fios brancos indiscretos que se faziam aparecer e olhos incrivelmente verdes. Mal entrou na festa ele captou logo a minha atenção.
“Quem é aquele homem?”, perguntei a alguns amigos que se reuniam num grupinho.
Escorpião conhecia-o e num sorriso cúmplice propôs-se a apresenta-lo, não antes de comentar. “Se te preparas para um dos teus joguinhos, cuidado. Ele é um pouco mais difícil do que parece.”
Encolhi os ombros, com indiferença. Não acreditei muito, os homens são quase todos iguais, pensei.

Fomos apresentados. Porém, enquanto era obvio o meu interesse na maneira como o abordei, no rosto do estranho homem esboçava-se apenas um sorriso que não permitia compreender quais os seus reais pensamentos sobre mim. Dediquei-lhe todas as atenções o resto da noite, ao que ele correspondeu com simpatia, mas alguma distância.

Eu estava fascinada. Admito. Ele era bonito, sensual, inteligente e charmoso nos gestos e na forma como defendia as suas ideias. Tudo parecia correr bem quando ele ouviu que eu queria uma boleia de volta a Maputo, pedido completamente propositado porque eu já tinha dito ao escorpião que não voltaria com ele pois tinha a impressão que a noite ainda iria longe, num sorriso já a muito conhecido ele me incentivou a continuar. O estranho ofereceu-se para levar-me a casa, mas ao contrario do que eu esperava, ele desviou o rosto quando tentei beija-lo e não aceitou o meu convite para um último drink no Terminus. Antes me disse, em tom jocoso: “Não achas que estas a ir um pouco depressa demais?”
Senti um leve rubor a aflorar-me o rosto. Nunca escutara aquela frase da boca de um homem. A minha vontade imediata foi de nunca mais querer saber dele. Contudo, uma parte de mim queria vencer aquele desafio. Por isso, de olhos baixos pedi-lhe o número do celular. Iria conquista-lo, custasse o que custasse. Tinha três dias para isso.

...A batalha começou. Ele telefonou-me antes de adormecer e mesmo sem eu esperar saímos juntos no dia seguinte, mas agora era eu que não reunia coragem necessária para tomar a iniciativa. Ele mostrava-se simpático e gentil, mas também não indicava nenhum sinal claro de que estivesse interessado em algo mais do que uma simples amizade. Na sua companhia sentia-me uma criança envergonhada, sem saber o que dizer. As horas passavam e eu estava cada vez mais enredada naquela teia, até que no penúltimo dia da minha estadia na capital, com toda a naturalidade do mundo, no final do jantar, ele convidou-me a subir a sua casa, olhando-me com intensidade.

Fui completamente apanhada de surpresa com a fogosidade daquele homem sempre tão distante emocionalmente. Estava decidida a mostrar-me uma dama. Nada de precipitações. Porém, foi ele que colou o seu corpo ao meu e procurou os meus lábios.
“Já não posso esperar mais”, disse-me.

A minha timidez momentânea dissolveu-se. O desejo era de tal forma impiedoso que quase arrebentei os botões da camisa dele, que se abriu deixando os pelos do peito a mostra. Meus seios adivinhavam-se por debaixo do soutien de renda. Eu ofuscada com a visão de uma pele dourada e pelo corpo bem definido prendi-lhe o pescoço com os braços, de forma que os nossos corpos se tocassem, enquanto a boca dele desceu, em suaves movimentos do pescoço para o meu colo, até perder-se nos meus mamilos completamente arrebitados de tanto desejo. Com a força dos braços ele bateu a porta de casa e me encostou nela obrigando-me a entreabrir as pernas fazendo descer a minha calcinha pelas pernas abaixo. Virou-me de costas e em pouco tempo respondendo aos meus gemidos ansiosos, somente o tempo de colocar a camisinha se impôs entre nós e em poucos minutos ele conseguiu entrar em mim. Ambos encostados na parede, consumidos por um desejo louco nos entregamos com urgência e rapidez selvagem que nos levou quase em simultâneo a um orgasmo completamente intenso de prazer.

“Só um homem assim é capaz de me domar”, pensava eu enquanto tremula mas ainda cheia de vontade me dirigi seguindo seu passos para a cama dele que, vazia esperava por nossos corpos agora nus. Enquanto minha mente quase deixava de funcionar, eu via o corpo dele guiar o meu pelos meandros, daquela volúpia fazendo pequenas gotas de suor surgirem na sua pele morena. Os movimentos eram ritmados e o prazer era tanto que parecia que nos ia consumir em fogo. Um orgasmo poderoso transportou-nos para longe e fez que as nossas bocas se fundissem uma vez mais. Depois ficamos abraçados e ofegantes, até que se ouviu a voz dele pedir-me no silêncio: “ama-me outra vez”.

Sorri-lhe. Como o sabor da vitória é embriagante! Pensei. Aninhei-me contra ele e disse-lhe: “Agora quem manda sou eu”.
O rosto dele virou-se para o meu e a sua voz quente murmurou junto do meu ouvido: “Estou as ordens!”.

9 comentários:

chapa100 disse...

eu. aprendi que no amor ninguem manda.

Anónimo disse...

li atenta ao teu momento
q por alguns breves instantes se confundiu com momentos que vivi e tentarei descrever mais logo
sim não era apenas uma questão de desejo mas o desafio da conquista...esse é o mais perigoso e o mais saboroso dos sentimentos neste tipo de jogos...
lol
como já disse gostei imenso!!!
Jinhuz Crónicos

L.S. Alves disse...

Continuas escrevendo bem. Andei pesquisando Moçambique na rede. Nem me tocava que vocês ficam do lado do pacífico. Mas não achei um site que me desse boas visões da tua terra.
Um abraço do Brasil.

Avid disse...

Chapa 100
Eu aprendi que no amor nem o amor manda.
Bjs meus

Avid disse...

Lua
Logo te visitarei. Bjs meus

Avid disse...

Crónicas,
Tu também sabes que o jogo da conquista é viciante hehehe... Quanto mais se ganha mais se quer jogar, um vício.
Bjs meus

Avid disse...

I.s.

Gostei de saber do teu interesse por Moçambique... Logo logo saberas mais do q ue imaginas e gostaras mais do querias hummmm...
Bjs meus

Alexandre disse...

Olá, um dos textos mais sensuais que já li, muito bem escrito, com muito bom gosto e uma dose enorme de requinte!

Parabéns pelo texto e pelo aniversário... e já agora pela situação... tudo o que contribua para o nosso bem-estar e felicidade é fundamental.

Obg pela visita ao meu Fundamentalidades!!!

Um beijinho! Vou linkar-te porque gostei muito do teu blog.

Avid disse...

Alexandre,
Bem vindo ao momentos e obrigado pelos elogios (não sou nada modesta). Linka-me a vontade (soa tão sensual hummm). Gostei imenso do teu blog também.
Bjs meus