15 fevereiro 2008

... a Solo.

Estava decidida a terminar a noite fazendo dela um prelúdio sem final. A sala estava resplandecente com duas jarras repletas de anturios vermelhos (comprados por mim) e três velas acesas. O jantar foi cuidadosamente preparado: camarões grelhados com coco e batatas gratinadas, uma garrafa de vinho branco, já aberta continuava a gelar, minha pequena entrou no clima e juntamente com a empregada se esmerou a fazer uma sobremesa com as frutas da época.

O banho foi mais demorado que o costume, dediquei-me mais tempo, sentindo o cheiro da loção perder-se por entre os meus poros, mãos entre coxas, seios, tornozelos... sentia que a minha pele desenhava poemas de tanta ausência e sorri ligeiramente com o breve pensamento que me veio a mente. Desenrolei-me da toalha e com os cabelos presos dediquei-me a passar o hidratante pelo corpo ainda húmido enquanto me vestia apenas de uma calcinha de renda vermelha comprada para a ocasião. Sentei-me na borda da cama e estiquei a mão até ao rádio e depois até a gaveta da mesinha de cabeceira, num gesto banal e premeditado tirei de lá a máquina fotográfica. Acomodei-me em jeito próprio e serenei o momento para aquilo que desejava, partilhei um sorriso com o espelho pensando em como eu me bastava naquele indelével rabiscar de instante e abri as pernas aos poucos...

Afastei a calcinha para o lado e desfrutei do toque de mim mesma, afastei os lábios sexuais com os dedos e com a outra mão comecei a fotografar a rosa mais feminina de todas aquelas que a natureza gerou, mimei-me com a delicadeza do toque que apenas se interrompia pelos flashs da máquina, fiz poses ingénuas, oferecidas, reais, encantadas, ousadas, simples, complicadas... vagueei por mim, em mim, comigo. Fotografar-me era como tocar estranhos recantos do mundo, e com a mesma força que a chuva caia lá fora a humidade do ser me embalava com uma entrega em que os gestos passaram a ser mais dormentes a cada flash interminável. Parei...

Olhei meu sexo palpitante exposto no reflexo do espelho indiscreto, fechei as coxas e vi o resultado das fotos no ecrã da máquina. Percebi-me numa tela pintada desarrumadamente, com cores de sexo e sem aromas de vergonha. Unicamente eu. Imagens que roçavam sem pudor a epiderme da luxúria e do prazer. Reparei que as primeiras fotos eram mais comportadas, aos poucos meu sexo aparecia lacrimejante, desabrochando em soluços de ansiedade, quase em pranto de tanto desejo. Olhar-me assim... me excitava mais e mais.
Numa rapidez ansiosa e alada ao devaneio toquei-me em tons vermelhos. Coloquei-me de quatro e me masturbei com uma vigorosa paixão, não me lembro se foi teu nome que chamei ou de outro alguém, se explodi no extâse em ondas de ternura ou em tempestade de fogo. Sei que emergi do rubro para o azul em arfares flutuantes e respirares exaustos, estilhaçando-me em memórias quase invalidas na compreensão comum.

Dez minutos depois estava pronta para jantar e terminar a noite assistindo uma comédia romântica na TV. Estava errada, completamente equivocada.... Acabei saido de casa quando ja passavam das 23h e fui me perder na night... mas isso meus quidos, já é uma outra história...

Agora estou cheia de sono e dores de cabeça escrevendo este post, fingindo que trabalho e rindo ao celular comunicando a alguém que está prestes a receber um e-mail onde no espaço do assunto terá algo escrito assim: “ Importante: Abrir com cuidado”.
Dá para perceber que passei o Dia de São Valentim a solo... mas não a sós?

9 comentários:

Kapikua disse...

A forma como descreves os teus momentos é sublime.

Agora ir assistir ao "Dharma e Greg" after that!!!

Beijo

Eu sei que vou te amar disse...

Diva: Pois eu direi que a naturalidade dos teus actos so veio demonstrar que nada foi feito ao acaso eh ehe!!!
Lindo e bastante sensual
Beijo linda

Tatiani disse...

Obrigada pela adição em seu blog!
Ele é lindo e o layout dele é inspirador!
...
Adorei sua escrita, linda!
bjus

Pearl disse...

Não é possível transmitir-se tanta intensidade com as palavras da forma que tu o fazes!!!

Anónimo disse...

Louca,
eu sabia que não eram necessários os dois copos de vinho para te "espalhares". Tá no sangue e na alma.

luafeiticeira disse...

Adorei o texto, agora só falta postares as fotos.
beijos

Oliver Pickwick disse...

Depois de contar uma história destas, quem se interessaria por "outras histórias?"
Beijos, doce menina, temperada com o mais caliente, chili mexicano.

L.S. Alves disse...

Um dia eu receberei umas fotos destas?
.
Beijos moça.

variasformasdearte disse...

Belos Pormenores
Bela Descrição
...
Com todo o seu encanto

Bjs