It's Complicated!

Este inverno anestesia-me a imprudência e me lembra que se em vez de curtirmos a ressaca dos êxtases e dos beijos trocados entre uma e outra zanga, nos limitássemos a esquecer tudo. Deveríamos colocar sebo nas canelas das lembranças e correr delas a sete pés. Não seria este o caso de mostrarmos que somos seres pensantes e inteligentes? Que driblar a dor é coisa pra principiantes e, tu e eu meu bem já deixamos de ser caloiros a maningue tempo pah! A dor é especialista em drogar-nos os sentidos e fazer-nos escalar a mais velha das emoções, só para assim do nada, no meio de uma vertigem nos lembrar-mos mais uma vez que ninguém sai impune a uma paixão roubada. Que mesmo mascando pastilhas com sabor a menta não se consegue tirar da boca o hálito gasto do sémen trocado e saboreado no meio de tantas promessas feitas de boca fechada e coração sangrando segredos.

Imbecis!!! Sim. Eu e tu! Caramba... parece que alguém precisa nos explicar que é preciso olhar pra onde se anda, que esta cena de cruzar com a paixão nas esquinas da vida é bem mais fácil do que pensamos e que o amor é uma cilada pronta pra emaranhar gentes cheias de certezas como nós! Certezas que nada nos acontece na nossa zona de conforto. Certezas de que quem já foi (ligeiramente) danificado por coisa parecida reconhece a piori que o escudo das nossas vidas certinhas não nos protegem em nada desta merda, desta dor que rescucita cada vez que a puta desta saudade se abraça a alma com braços de aço. Ando cansada de apanhar estilhaços de ti colados a minha carne. Ando exausta de saber que te falta oxigênio cada vez que respiras o meu nome. A morfina das palavras já não alivia a dor deste nó em que nos amarramos.

Será que café amargo, eufemismos baratos e fugas mal conseguidas continuarão a ser a única saida possivel pra estas distancias do lado-a-lado???