05 agosto 2010

B'Noite

Todas as noites me acaricio
com os teus dedos,
fecho os olhos e sugo os teus dedos
sob o contorno dos meus
e conduzo-te pelo meu corpo
como tu me conduzias.
.
Todas as noites
tu entras em mim por todas as portas,
a tua língua silenciosa
desperta vertigens desconhecidas
nas partes secretas das minhas orelhas
e dos meus pés.
(…)
Todas as noites
os teus dentes mordem
o meu pescoço
no sitio exacto em que o meu corpo
guardava a última fechadura,
.
Todas as noites
volto a subir a esse monte
dos vendavais só nosso.
.
Inês Pedrosa

2 comentários:

Kapikua disse...

Mulher, onde guardas tu tanta tesão?

beijo meu

Anónimo disse...

Arrumei os amores, é a primeira regra da vida – saber arquivá-los, entendê-los, contá-los, esquecê-los. Mas ninguém nos diz como se sobrevive ao murchar de um sentimento que não murcha. A amizade só se perde por traição – como a pátria. Num campo de batalha, num terreno de operações. Não há explicações para o desaparecimento do desejo, última e única lição do mais extraordinário amor. Mas quando o amor nasce protegido da erosão do corpo, apenas perfume, contorno, coreografado em redor dos arco-íris dessa animada esperança a que chamamos alma – porque se esfuma? Como é que, de um dia para o outro, a tua voz deixou de me procurar, e eu deixei que a minha vida dispensasse o espelho da tua?

Inês Pedrosa (que não é louca)