10 novembro 2010

Agrabati


Queimo o incenso que exorciza a saudade e evapora as memórias. Fogueira mansa que se espalha pela casa e pela alma, dança adocicada que me escorrega pelo ventre, que me despe e me contorna com mãos invisíveis os sonhos sonhados em linhos de luxúria. Alucinação que inunda o ser e se deixa escorrer por grutas com mel e inebria meu corpo com aromas e essências que não saciam mas acalmam a correnteza do meu desassossego.

Não sei se de mim te lembras, se me entendes, se de algum modo me sentes nesta distância enfeitiçada que nos separa os destinos mas, onde o desejo é inegável, imutável e embriagante. Sinto apenas que em mim tua pulsação continua acelerada, driblando a falta de oxigénio e a acidez da língua que se molha em outra boca mas que é contra a saudade dos meus mamilos erectos que repousa. Sabes? Ainda te sinto.

A noite, a muito caiu e minhas margens, embora tranquilas e livres ainda esperam entreabertas pelo ritual mágico em que tu és eu e, eu sou tu. Dançantes pecadores, amantes secretos, escravos do tempo e da espera. O incenso finda... e a magia também.

4 comentários:

Vitor Guerra disse...

Que pena que a magia termine... quando o incenso finda!

Anónimo disse...

Queria muito nunca me lembrar de ti. Talvez do antes, um pouco. Do depois não. Contrariando as mais optimistas previsões o tempo colou-te aos (meus/teus/nossos) sentidos e não te deixa ir embora. Os incensos esvaiem-se em cinza, odores intensos e fumo. A vida tambem.

PS: Por quantos anos te vais lembrar desta data? (hoje/ontem)

Kapikua disse...

contigo nada finda, tudo se eterniza!

Beijo

Eu sei que vou te amar disse...

Palavras que adocicam a alma e perfumam a nostalgia!
Beijo