16 outubro 2006

O outro lado de mim....


Chegas cansado e logo após o jantar não esperas sequer que eu termine as tarefas domésticas acabando por adormecer abandonado em cima da cama. Sabes que gosto quando esperas por mim acordado, mas já calculava que adormecesses depois da longa viagem que acabaras de fazer.

Encontro-te na cama numa posição muito sensual aconchegado na minha almofada como se de parte do meu corpo se tratasse. Adoro olhar teu corpo abandonado sobre o lado direito como sempre adormeces, com a perna esquerda quase esticada e a direita, por cima, dobrada. Páro na entrada do quarto apenas a olhar-te. Estás sem boxers como habitualmente como se me esperasses. Percorro com os olhos o teu corpo masculo, o tronco perfeito, a tua face dura mas bonita, os teus lábios que me fascinam, os teus braços fortes que terminam numas mãos largas e grossas, as ancas e coxas musculosas e atraentes. Não resisto a passear a ponta dos meus dedos no teu rosto. Mexes-te ligeiramente mas continuas a dormir calmamente. Assim tão desprotegido nem pareces o homem que em tempos foi menino rebelde e por quem me apaixonei perdidamente logo que conheci.

Deito-me ao teu lado e beijo-te delicadamente os lábios. Mexes-te mas não acordas. A minha mão passeia no teu peito... lentamente introduzo uma perna entre as tuas. Encosto-me mais e o meu peito nú afaga o teu. Despertas lentamente e tocas-me como eu gosto, abraçando-me toda até sentires o meu sexo colado a ti. Beijas-me o peito e mordes com ternura os mamilos. Os teus dedos abrem caminho pela minha carne, queres sentir o que tenho entre as pernas, a pele, o calor, a humidade. Sinto-te excitado e deixo-me levar sem mais palavras. Excita-me terrivelmente este poder que tenho sobre ti. Gosto de o usar. Se até á segundos atrás, a tua vontade era dormir, agora tenho á minha mercê um macho excitadissimo e completamente firme na vontade de possuir-me da forma que gosto.

As tuas mãos conhecem-me bem e acariciam onde sabes que mais me acende o desejo. Sem que os teus dedos saiam de dentro de mim viro-me e fico deitada de costas oferecendo-te o meu corpo completo. A tua lingua molhada não pára de me excitar percorrendo com mestria a pele, o peito, os mamilos, o ventre e desce lentamente até aos pêlos púbicos, o que me provoca arrepios de desejo. Afasto as pernas, e fecho os olhos. Encho o peito e solto um profundo suspiro esperando a tua lingua que tarda a chegar dentro de mim...

De repente páras e ouço um irónico “boa noite querida.... dorme bem”. Abro os olhos disposta a ir á luta.. "dorme bem?? provocas-me até este ponto e ficas por isso mesmo? Termina o que começas-te!!!", respondo-lhe com autoridadee.

Com aquele sorriso trocista que me desarma, metes os teus dedos humidos de mim na boca e lambes delicadamente sem tirar os olhos dos meus. Provocadoramente perguntas: “É assim que queres?” . “Não... quero muito, muito mais” respondo com uma falsa meiguice. Sem percas de tempo, a tua cabeça desaparece entre as minhas coxas e sôfregamente sinto a tua boca e lingua violar-me as entranhas. Chupas-me o clitóris com quase violência -“cabrão, isso dói”, digo enquanto tú alheio aos meus queixumes sem nunca largares o clitórios dos lábios, introduzes dois dedos no meu sexo que ficam a desenhar lá dentro percursos que só tú sabes percorrer e que me deixam louca.

“È assim que gostas? È assim que te sentes puta?” Perguntas tú, enquanto aumentas a pressão dentro de mim. Nem respondo. A mistura entre a dôr e o prazer funciona no meu corpo como um cocktail de pólvora e sinto que estou prestes a explodir. No momento em que retiras os dedos e enfias a lingua completamente, abandono todo o pouco controle que ainda detinha e rebento num violento orgasmo que teimas em acompanhar e prolongar. Longos espasmos percorrem-me o corpo enquanto as tuas mãos e unhas cravadas nas minhas nádegas puxam o meu corpo para a tua boca.

Sem me dares tempo para sequer concluir o orgasmo, mudas o teu corpo pesado para cima do meu e violentamente penestras-me. Uma, duas, várias vezes trespassas-me a carne com violência e incontida paixão. Quero resistir e levar-te á absoluta exaustão mas as ondas de espasmos sobem de intensidade vertiginosamente obrigando-me a perder o controle. Num completo extase abandono-me ao momento e grito-te enquanto cravo desesperadamente as unhas nas tuas costas. “cabrão f.... dá-me tudo... cabrão f.... quero mais...!!”.
Não estaria disposta a parar por ali, mas nem discernimento tenho para te implorar que resistas muito mais tempo. Disposta a tirar o máximo daquele momento, grito-te “enche-me!!! explode dentro de mim cabrão... dá-me tudo!!!!!!!... ”

Um ronco fundo e prolongado sai-te da garganta e os olhos abrem-se de forma descomunal. Os teus orgasmos são e serão sempre actos de uma profunda e completa solenidade. São o lado animal de homem contido e racional. O corpo estrememece-te inteiro e pareces possuído por uma energia vinda de outros mundos. Penetras-me até ao limite fisico dos nossos corpos e sinto-me inundada por uma enchente de lava quente que sai de ti e que me aquece todo o corpo. È um momento mágico, sempre novo apesar de fazer parte do nosso dia a dia, que tento prolongar com movimentos pélvicos, até á exaustão física.

O teu corpo abandonado e rendido, cai pesadamente na cama. Olhas-me nos olhos enquanto com os lábios procuras a minha boca. “Agora se não te importas, vida minha, vamos dormir que amanhã temos de nos levantar cedo”.

Fico por alguns minutos a olhar-te os olhos enquanto adormeces. Porque apesar de sermos completamente diferentes sinto-me bem ali ao teu lado. Intimamente renovo a vontade firme de continuar contigo, quem sabe para o resto da vida. Penso em tudo o que me dás, no muito que te dou, e nas contradições que existem na mulher que sou. Naquilo que me faltava e na outra face que descobri de mim. Estar ali, ter-te assim é tudo o que a maioria das mulheres querem da vida. Na minha é apenas uma parte importante. A outra, aquela que me leva a descrever aqui este nosso doce adormecer, nem nos teus sonhos poderás alguma vêz conhecer pois sei que jamais irias entender ou aceitar. Para que possamos continuar a ser o que somos, terei de viver neste equilíbrio instável e perigoso entre a nossa e a minha verdade. Porque quero continuar a vêr-te feliz e a ser feliz. Mas definitivamente, sem abdicar do que sou.

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