22 fevereiro 2008

Hoje...Chove por aqui

"Menos pela cicatriz deixada, uma ferida antiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje louca nos dias de chuva".
Caio Fernando Abreu
Ando num processo de descoberta que normalmente antecede os meus aniversários. Quase como um balanço ou a previsão do fecho de um ciclo, uns dias rindo a toa e noutros chorando por motivos pouco palpáveis.
Sinto que me falta algo, um emaranhado de incognitas que teimo em preencher com coisas e alguéns que em pouco tempo se tornam descartáveis ou me tornam descartável também. Vivo de prazeres momentáneos e não de alegrias duradouras. Compensacões...

Sinto-me quase uma fraude no meio de tantos enganos, já não sei se sou o que sou ou se me aceito naquilo que me tornei. Ando tonta de tanto ouvir verdades, ando tonta de tanto usar mascáras, ando tonta de tanto evitar a dor. Fujo, corro... mas não escapo! O final de uma era traz sempre consigo ecos de inexplicavéis abismos, contradições na alma e avessos cheios de poeiras pouco interessantes. A nostalgia do que fiz e do que não me permiti fazer. A angustia de vivências não cumpridas. Tormentas demasiado íntimas para conseguirem se descrever em simples palavras escritas. Preciso deixar que o presente se torne passado e ganhar forças para sair das minhas próprias sombras.

Sinto-me frágil, gota de chuva que não sabe de onde vem e nem para onde quer ir, se me encaixo em rios doces ou mares salgados, se grito até ficar rouca ou se me encolho no silêncio.
Nestes dias cumpre-se em mim um ritual de passagem inquieto e frio que vai para além de mim. Para além do riso e do choro. Estou pronta para renascer!!! Acho...
Por favor...nem tentem comentar...Foi só um desabafo.