Arrasto as ilusões, procurando meias verdades. Um único momento, violento e que vá do nascimento a velhice. Um momento que não me lembre a insuportável leveza do tudo que sempre passa. Para isso, corrompo o acaso que se entranha na estranheza que sou e faz da pele uma carapaça que protege em mim o monstro sedento por culpas e feridas.
Procuro significados para o simples, catástrofes que devorem os afectos e os meridianos que ainda desequilibram a majestade do ciclo inevitável de todas as coisas. Inclusive o começo e o fim de ti. Não me rendo a lucidez e aprisiono-te nas espirais do tempo tentando não te resumir a breves instantes de fraquíssima inspiração. Dose a dose, te inflamo nas minhas neuroses, fazendo-te vaguear, como um guerreiro vencido do penúltimo amor das minhas esperas.
A volúpia fica esquecida somente para não se enlouquecer. As lágrimas do mundo, chovem tentando lavar-me as lembranças ausentes que satisfazem os contornos do fim, tomando-me apenas como uma margem soterrada na deriva desta estranha entrega. Foste tanto tempo chão que já não podes ser céu profundo. Não posso equilibrar-me de repente, preciso de aprender que não vales a pena, que a sede de naufrágio que tenho de ti é apenas mais um capricho cansado e previsível.
Procuro significados para o simples, catástrofes que devorem os afectos e os meridianos que ainda desequilibram a majestade do ciclo inevitável de todas as coisas. Inclusive o começo e o fim de ti. Não me rendo a lucidez e aprisiono-te nas espirais do tempo tentando não te resumir a breves instantes de fraquíssima inspiração. Dose a dose, te inflamo nas minhas neuroses, fazendo-te vaguear, como um guerreiro vencido do penúltimo amor das minhas esperas.
A volúpia fica esquecida somente para não se enlouquecer. As lágrimas do mundo, chovem tentando lavar-me as lembranças ausentes que satisfazem os contornos do fim, tomando-me apenas como uma margem soterrada na deriva desta estranha entrega. Foste tanto tempo chão que já não podes ser céu profundo. Não posso equilibrar-me de repente, preciso de aprender que não vales a pena, que a sede de naufrágio que tenho de ti é apenas mais um capricho cansado e previsível.
Eh... despir-me de ti acontece sempre por um triz.
14 comentários:
Avid
Que seria do mundo sem ilusões?
O que é a tua bela e rectilinea escrita, até a foto que encima, senão uma chave para essas ilusões?
Beijos
Daniel
"Sede de naufrágio que tenho de ti".
Imagem perfeita, tão clara...
É uma delicia ler-te.
Beijinhos
Linda mais um post intenso, acompanhado por uma imagem que derrete ate os mais bravos coracoes...
Beijo de Sexta-Feira;)
Minha linda,
Densas e tristes palavras.
Diante das tuas palavras fiquei com a nítida impressão de que todo amor já começa com um presságio de adeus.
Beijos,
Inês
foda-se,
ainda bem que não sou eu...
(que escrita tesuda ;)
ps:
"He gamação danada, é triste ver você Fazendo morada dentro do meu peito. É gamação danada, Gamação palavra que soa indelicada Mas é única forma adequada Que justifica o meu penar. Amar da maneira que amo não é mais amar, Chorar por você como eu choro não é mais chorar, É derramar um arsenal de lágrimas, é me sentir o mais infeliz dos mortais. Você é minha desventura, Conheço o sofrimento e nada mais" (Grupo Fundo de Quintal; "Gamação Danada")
Não quero uma mulher
Que seja gorda ou magra
Ou alta ou baixa
Ou isto e aquilo.
Não quero uma mulher
Mas sim um porto, uma esquina
Onde virar a vida e olhá-la
De dentro para fora.
Não espero uma mulher
Mas um barco que me navegue
Uma tempestade que me aflija
Uma sensualidade que me altere
Uma serenidade que me nine.
Não sonho uma mulher
Mas um grito de prazer
Saindo da boca pendurada
No rosto emoldurado
No corpo que se apoie
Nas pernas que me abracem.
Não sonho nem espero
Nem quero uma mulher
Mas exijo aos meus devaneios
Que encontrem a única
Que quero sonho e espero
Não uma, mas ela.
E sei onde se esconde
E conheço-lhe as senhas
Que a definem. O sexo
Ardente, a volúpia estridente
A carência do espasmo
O Amor com o dedo no gatilho.
Só quero essa mulher
Com todos seus desertos
Onde descansar a minha pele
Exausta e a minha boca sedenta
E a minha vontade faminta
E a minha urgência aflita
E a minha lágrima austera
E a minha ternura eloquente.
Sim, essa mulher que me excite
Os vinte e nove sentidos
A única a saber
O que dizer
Como fazer
Quando parar
Onde Esperar.
Essa a mulher que espero
E não espero
Que quero e não quero
Essa mulherportoesquina
Que desejo e não desejo
Que outro a tenha.
Que seja alta ou baixa
Isto ou aquilo
Mas que seja ela
Aquela que seja minha
E eu seja dela
Que seja eu e ela
Euela eu lá nela
Que sejamos ela.
E eu então terei encontrado
A mulher que não procuro
O barco, a esquina, Você.
Sim, você, que espreita
Do outro lado da esquina, no cais,
A chegada do marinheiro
Como quem apenas me espera.
Então nos amarraremos sem vergonha
À luz dos holofotes dos teus olhos,
E procriaremos gritos e gemidos
Que iluminarão todas as esquinas.
Será o momento de dizer
Achei/achamos amei/amamos
E por primeira vez vocalizar o
Somos, pluralizando-nos
Na emoção do encontro.
Essa a mulher
que não procuro
nem espero.
Você, viu? Você!
Bruno Kampel
bom fim de semana, seja feliz e ame muito!
bjosss...
Avid,
li as tuas palavras...fiquei parada como que no tempo...
como conseguimos despir-nos de alguém que amamos?
beijinho
Bom fim de semana
Beijo fantasma...
A água do mar me bebe... a sede dee ti prossegue...
Caminhei nas nuvens para te ver do alto... e é sempre belo o pouso que falo aqui!
Beijos e borboleteios...
adorei o seu blog..
E acredito que atulmente nesse mundo tão turbulento precisamos de um pouco de ilusão.. precisamos ser intensas em tudo, até nas loucuras
será?
não creio: creio num deus
e
noutras coisas que vêem à luz
no seu tempo: o da
na queda
da s sombra s
~
Louca,
tás tonta mesmo... e começas a correr sérios riscos de cair do arame. Será que tens rede? Ou na queda pensas arrastar contigo mais alguem na ilusão de que isso diminuirá o estrago?
As cicatrizes não se apagam do corpo e menos ainda da alma. Aceitam-se como inevitabilidades. Se tudo na vida tem um tempo para quê prolongar ainda mais a agonia?
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