Lady Cocaina

O mundo não parou, esta louca continua a saltar subtilmente de segundo em segundo, de sorriso em sorriso. Acústica e contagiante ela é filha da cocaína e herdeira universal de todas as lágrimas mal vertidas pelo mundo. Exacta na imperfeição seu grito acorda o veleiro de ilusões que trespassam o infinito e se perdem nos beijos molhados jorrados na boca de um qualquer.

Traça no seu corpo a estrada que leva os incautos a loucura. No desatino da sua pele apodrece a monotonia de uma penetração comum. Vive no fogo em que o hábito não mora mergulhando no espírito dos deuses que nunca rezam, enlaçando-se no corpo ondulante de desejo.

Ela embala os fracos no meio das suas coxas , abre as portas do perigo e engana os corações desavisados. Dentro dela, eles se deixam mergulhar nas gotas do suor profano e no tremor desfolhado da fartura de vontade e da luxúria declarada. Em seus seios ela aconchega a serenidade apenas para a sentir morrer no interior das suas nádegas entre ires e vires frenéticos que apenas deixam tempo para arrefecer a explosão do gemido e deixar nascer o destino na imensidão do silêncio que se segue.

Finalmente ela sorri, corrompendo o cio que se deixa terminar por poucos instantes. Contempla o pecado estampado no espelho, sorri perante a rendição e percebe que gostava de ter dito tudo com o corpo. Espanta-se… sua alma, essa continua muda. Lacrada.