13 julho 2010

Wind of change

Rompi definitivamente com a cumplicidade dos beijos as pressas, sem mapa e bifurcada no susto. Culpas rondando a alma. Instintos obscenos. Cansei de encontros minuciosamente programados e memórias fermentadas em saliva e suor. Tudo o que me emociona é velho, antigo, inútil. Inevitavelmente acaba me virando do avesso, rasgando as costuras e deixando-me o estômago com úlceras crónicas que só calam o ronco quando me vergo no chão vomitando versos. Crónicas vazias, rasuradas no papel dos meus teatros. Prosas circuncisadas. Sentimentos exagerados. Segredos apodrecidos.

Vou manter-me longe das certezas de delírios angustiantes, saudades convulsivas e ilusões a crédito. Desconfio cada vez mais de madrugadas intermináveis, beijos de boa noite e bandejas de pequeno-almoço em quartos de hotel, ainda com sabor a fruta fresca e cheiro de velas apagadas. Enjoei de perdas previsíveis e generosidade de afectos camuflando atalhos de medo. Ando cada vez menos competente a asfixiar minhas incompletudes. Esperas já não me seduzem. Migalhas de excessos precisam deixar de ser minha sina! Erotismos baratos e afins... só servem mesmo para me fazer escrever farrapos de versos inúteis. Convenci-me.
Pra beber da vida? Só café amargo com algumas gotas de lua cheia e vinho tinto com música alta. Nem pensar em bebedeiras de momentos que trazem consigo o DNA do medo, de um amor que não acaba no acto, de sonhos que arrebentam o fio da mesmisse, sensações de eternidade, abraços diluídos, despedidas adiadas. No meu trilho, agora só linhas rectas onde os vazios escorregam facilmente, emergências em ritmo de contra-dança, almas em primeira mão, esperanças cruas e definitivas. Não mais me procuro em caminhos sem bússola. A preguiça das virgulas e dos poemas anestesiados e sem memória, macios e suspensos na plenitude são agora a medida exacta da lucidez do meu verso. Nada de precipícios e nem vertigens contagiantes! É hora de acolher esperança e aprender a usar o verbo razoável em poemas que não não sejam complicados arquivos de dor.

Se consigo ou não viver assim, de planos perfeitos e metas bem traçadas??? Bom...isso já é uma outra história.

2 comentários:

Kapikua disse...

Como pudeste tu dizer que ficaste sem palavras no meu canto?

As palavras em ti nunca faltam e ainda por cima utiliza-las de uma forma sublime! Adoro ler-te mulher!

Quanto ao conteúdo considero respondido o email que te enviei ;)

Beijo enorme

Anónimo disse...

Tomara que consiga realizar, planos imperceptíveis que só um coração evoluído conseguiria enxergar!

bjos ú&e =***