26 agosto 2010

De uma desconhecida. Um prosema igual.


Ensurdeci os lábios frios enquanto te lia abraçada ao silêncio. Neste momento só respiro. Pego-te devagar os dedos e te faço encostar minha pele ainda meio húmida pelo banho acabado de tomar. Teus dedos são fogo que crepita em mim. Percebes-me o cabelo demasiado curto e fazes a matemática da dúvida. Cabelo curto?! Mudanças?! Sem as armas das palavras estas inofensivo. Igual a mim. Sem garras e nem gritos alados. Apensas o toque e a ausência da palavra. No arrepio a minha sina de ser mulher, a verdadeira maldição de me deixar nua em tuas mãos. Gosto.

Instintivamente abro as coxas com apenas uma certeza. A de querer continuar. Abrandas a incógnita de caminhar perdido nos caminhos de uma fêmea desconhecida. Em pleno cio. Imóvel, não ousas parar o pensamento que transgride as linhas da entrelinha de tamanho, desejo mudo. Cumplicidades. E nesse ritual teus dedos se enterram em mim igual senhor e dono feudal emprenhando a terra e apressando nela o espasmo da vida.

Rasgas-me o grito. Gemo. Apressas-te inesperadamente alando teus dedos as asas do meu clitoris inchado, escorregadio, angustiado pela espera. E o tempo para. Repetitivo. Repetindo-me na ânsia doentia de precisar de ti dentro de mim. E no momento exacto, sem prefácio ofereces-me prazer irredutivel na ponta dos dedos. Prazer piedoso e cheio de aguarelas que respiram gozo e demónios.

Sorris. Sorrio. Sorrimos. Sabemos que ainda nem chegamos a metade...do poema a conjugar.

Assinatura tatuada no vento

2 comentários:

Léo disse...

Uma sinestesia fantástica de sentimentos... Lindo!

Beijos mordidos

Migalhas de Lua disse...

Bruxinha...
Quando as palavras descrevem os gestos tacteados nas reticências do que escreves... pouco ou nada resta para dizer!
Mas como nenhuma história termina antes do seu ponto final, coloquemos aqui um ponto e vírgula e vamos lá conjugar esse poema;

Beijo