12 janeiro 2007

Pecado Capital I


Já passavam das 16 e eu estava preguiçosamente deitada no sofá lendo, não tinha plano nenhum de sair naquela tarde tediosa e calorenta quando o celular tocou. Por alguns minutos pensei que fosse o Escorpião embora esse pensamento logo desaparecesse pois parecia-me completamente impossivel que isso acontecesse no penúltimo dia do ano. Era uma prima minha a convidar-me para ir lanchar. Disse que não me apetecia mas ela insistiu, disse que não precisava nem de trocar de roupa que iamos comer um gelado com um amigo em comum para nos despedirmos de 2006, passou o cel para ele e na sua simpatia habitual ele lá me convenceu a descer e ir com eles.

Em meia hora desci e do outro lado da rua reconheci o carro parado e a mão que me acenava, percebi que no carro ia mais alguém mas não me incomodei em tentar perceber quem era. Numa corrida rápida atravessei a 25 de setembro que para variar se encontrava bastante movimentada a aquela hora. Entrei no carro e comprimentei o condutor e a minha prima que estava no banco de tráz quando por segundos senti o corpo gelar quando reparei na personagem que ia ao lado do banco do condutor. Senti que o mesmo aconteceu com ele que desviou imediatamente o olhar e continuou a conversa animada em que se encontrava.

Acreditem que esperava tudo menos encontrar alguém que pensei que nunca mais iria ver na vida... Não tive muito tempo para pensar em como aquele encontro parecia impossivel... O carro parou em frente ao Gelati e descemos, como maneira de ganhar tempo eu disse que enquanto eles escolhiam a mesa eu ia até a Mabuko mesmo ali ao lado ver se encontrava um livro que eu estava a procura. Logo me afastei entrou uma sms no meu cel com uma única palavra “quero-te” não reconheci o número mas sabia exatamente de quem se tratava, sem pensar mandei uma resposta “continua assim...”

Sentei-me na mesa e muito simpático o meu amigo apresentou-me o amigo dele, nem o beijei, estendi a mão e disse “muito prazer” a qual ele respondeu da mesma forma. Nada fazia crer que já tinha passado uma noite de completa loucura com aquele homem que ali estava, uma tarde onde o prazer nos fez companhia por muitos instantes, momentos roubados os quais eu sabia que seriam impossiveis de esquecer, conhecia muito bem aquele sotaque francês misturado a um português completamente embrulhado, conhecia aqueles gestos suaves de um cavalheiro pouco comum, aquela boca que me tinha beijado apenas naquela tarde...
A conversa decorria animada quando ele pediu licença para ir a casa de banho. Saiu e em poucos segundos entrou uma sms no meu cel “ Vou inventar uma desculpa para terminar o lanche... quero-te só para mim. O combinado é sairmos daqui e irmos ao Nautilus, diz que não te apetece, vou buscar o carro e apanho-te em baixo do teu prédio.” Peguei no cel e respondi “vou pensar no teu caso...quem sabe...”

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