17 setembro 2008

Filha de um deus maior

Dificilmente me consigo manter sossegada, como uma pedra no fundo de um lago ou um azul sem nuances no fundo do céu. Nasci da inquietude. Sou a transmutação exuberante da irreverência. Fragmento-me em cada acto e pouco a pouco me deixo identificar com nada. Apenas mais uma orquídea arrepiando no frio de uma tarde chuvosa.

Gosto de escapar dos limites, enquadrar-me na alegria passageira e contagiante, no ritmo da boémia, na dança dos escombros e na turbulência densa e transbordante dos olhares da noite. Assume-me ser um animal vulgar… uma fera de angústias e arrogâncias quase ridículas, com a força feminina do êxito do género. Nua e na frente do espelho descobres-me quase sempre em construção. Preciso do provisório e do proibido para me acontecer. Sentir do umbigo me estender numa capulana de perigo e imperfeições que me sustentam. Em mim tudo é igual a ti. É de ti que fui parida, das sementes das horas tardias do teu sémen.

Nos seios, no suor, no sangue, no sexo, preencho-me sempre de violentos e ansiosos desejos. Salivo abismos e transgrido excitação como a primeira bailarina do caos. Uma diva em eternas viagens de alma que se conduz em atalhos dos precipícios retalhada nos mesmos rituais de uma louca a espera de cair no vazio.

No fundo não sou ninguém. Sou a vizinha da porta ao lado. Sou a boca sem alimento. Sou a puta da esquina. Sou a santa sem altar. No fundo sou tudo. No fundo sou tua fêmea preferida. Inperceptivelmente imortal!

11 comentários:

Daniel disse...

Avid

No inferno, ou era o céu, noutros tempos. Havia um relógio que batia e queria dizer: sempre nunca!
Lembrei a ler o interessante texto e duzi, que era escrito por tudo e nada!
Gostei!...
Beijo
Daniel

meus instantes e momentos disse...

muito, muito bom. Gosto de vir aqui.
Tenha uma bela tarde.
maurizio

Sombra de Anja disse...

Sou menina, sou moleca
Na vida ...sou uma dama
Discreta, quase santa.
Na cama ...Torno-me insana,
Sem pudor, chama que clama,
Verdadeira fogueira em chama
Abandonada...liberta
Aberta, escancarada
Submissa como gueixa
Nos braços do meu senhor
Que com seu toque transforma
A Santa em Mulher Dama
Sem algemas, sem pressões
Pelo milagre do amor.
Mazé Carvalho

Pelos caminhos da vida. disse...

Muito bom mesmo.
Valeu minha visita e, obrigada pela sua.

beijooo.

Salve Jorge disse...

És mais que a preferida
É aquela vontade
Que invade
Quase desapercebida
Um assanhar
Que arrepia
Colore a vida
Um tesão
Um correr da mão
Que alucina
Uma febre
Sem vacina
Uma mulher
Uma diva
Uma menina
Que faz o que quiser
Me deixa
À deriva...

~pi disse...

fico no lado

com um,

i mortal,

e terna

bailar ina

do

cao s!! :)

Nanda Assis disse...

bela definição.
vc é uma contradição mulherrr.

bjosss...

Anónimo disse...

Louca,
Quem te criou sem nexo nem limites nunca completou a obra. Falta o golpe de asa, a suprema obra prima, que poderá ser apenas mais um momento de transcendência ou apenas o mote para a inspiração que te leva a escreveres textos como os ultimos.

Que te faz falta na vida afinal?

Pearl disse...

as tuas palavras bebem-se, como água no deserto...

:o)))***

Eu sei que vou te amar disse...

Linda es simplesmente tu...Vida!
Nas entrelinhas deste sentir, evoco os Deuses pois so tu consegues transmutar o simples no Belo!
Bravo!

Dawa disse...

És isso tudo e muito mais! ;)
Nós sabemos! :P
Beijinho